Laços familiares

Por intermédio do conhecimento espírita, compreendemos que os laços da consanguinidade não são responsáveis pelos liames afetivos. O que irá determinar a afinidade e o amor entre os componentes de um grupo familiar serão as características que o Espírito traz de vidas anteriores.As divergências, os conflitos e a animosidade no ambiente familiar levam-nos a reflexões mais demoradas para compreender as causas e como minimizar tantas perturbações que trazem sofrimento, principalmente aos pais, quando não conseguem debelar tantos confrontos e dissenções.Quando se trata de um lar cristão, onde todos são aben-çoados com o conhecimento espírita, tendo a compreensão das Leis Morais e das vidas que se sucedem, existem recursos que ajudam a cuidar, desde a infância, da evangelização e preparação dos jovens para uma adaptação melhor e sem tantos conflitos.A crise da intolerância e do desamor agrava a situação de muitos lares que são desfeitos, porque seus componentes não conseguiram romper as barreiras do orgulho e do egoísmo, causadores de muitos males no grupo familiar e consequente-mente no meio social no qual estão inseridos.A harmonia do lar e o de-senvolvimento moral de seus componentes refletirão beneficamente numa sociedade equilibrada e feliz.O grupo familiar está ligado por liames cármicos, afinidades espirituais nem sempre amenas, que retornam no mesmo lar para que sejam solucionadas as distorções do passado, bem como saneadas e resgatadas as culpas e as dívidas.Com Misericórdia e Amor Deus nos concede, em vidas que se sucedem, as inúmeras oportunidades de refazer amizades, aprender a arte da paciência e do perdão incondicional, a tolerância e a compreensão das necessidades do outro, sendo o lar o ninho que acolhe cada ser que ali chega para a justa reparação de um passado culposo.
Entretanto, nem todos que se agrupam no mesmo lar estão ligados apenas por necessidade evolutiva e reparação de erros; muitos se unem pela Lei de Amor, da afinidade espiritual, amparando-se mutuamente para uma vida de tarefas abençoadas e compromissos junto ao meio social.A cada um de nós, ampara-dos pela fé e o conhecimento espírita, cumpre manter a paz e a segurança no lar que nos foi confiado, usando os recursos já assimilados do Evangelho de Jesus no trato com os que comungam o mesmo ambiente doméstico.Sabemos que nem sempre é fácil manter a paz e o equilíbrio no lar, porque fatores externos contribuem para minar a resistência da estrutura familiar, e nossos filhos, enquanto jovens, estão expostos quando eles surgem.Citaremos alguns como:

• Influências e exemplos de amigos com hábitos de vida diferentes dos nossos;

• Veículos de informação como a internet, cujo meio de propagação é sutil e muito pernicioso;

• Maior facilidade de locomoção, intercâmbio e frequência a lugares pouco recomendados, incitando os mais jovens a uma vida de licenciosidade e desrespeito;

• Programação de TV sem qualificação condizente com a faixa etária dos filhos, novelas e informativos divulgando uma falsa moral;

• Desrespeito em colégios com invasão de bullying e inversão de valores pela compe-titividade exagerada e exibicio-nismo inadequado;

• Eclosão de uma vida sexual precoce por incentivo de fatores como alguns citados acima e exemplos dos ídolos que os jovens consideram dignos de sua admiração e exemplos de vida.

Tudo isto concorre para que os jovens percam os ideais enobrecedores que lhes foram ministrados na infância ou se distanciam dos pais que po-deriam ajudá-los a discernir melhor suas escolhas. Assim, compreendemos que será na infância que teremos de cuidar com mais empenho da evangelização e da orientação espírita para que nossos filhos consigam sedimentar as lições edificantes e mantenedoras de uma vida mais saudável e equi-librada nas faixas etárias que lhes sejam subsequentes. Se a sementeira cristã não foi bem recebida nos corações dos filhos, o Espírito, readquirindo suas velhas tendências e consolidando sua personalidade, reluta em prosseguir dentro dos padrões estabelecidos no grupo familiar. Encontramos, então, uma série de problemas comportamentais e atitudes rebeldes mesmo naqueles educados no lar espírita, cercados de bons exemplos, sendo beneficia-dos com bons conselhos, realização do Evangelho no Lar, frequência ao Centro Espírita e convívio com jovens mais espiritualizados. Entretanto, temos uma vantagem sobre aqueles que não estão, ainda, esclarecidos e abençoados com os recursos do Espiritismo e que poderemos ajudar com maior empenho e paciência com todos os desafios e obstáculos que nossos familiares possam causar, mantendo um ambiente equilibrado, usando as ferramentas do amor e da generosidade.Poderemos assim manter a humildade em nossos atos diários, evitando que a agres-sividade com que eles possam nos ferir deixem marcas em nosso coração, perdoando e compreendendo que na hora devida poderemos conversar, tratando-os com justiça aliada à compreensão e à cordialidade. Manteremos sempre um clima de afetividade e carinho para com eles, educando-os com firmeza e estabilidade emocional, evitando assim crises e variações de comportamento perante os membros da família. Muito difícil manter um lar harmonizado se não estivermos interiormente bem, buscando na prece, na meditação, no autoconhecimento os re-cursos para a reparação íntima e a coragem de manter gestos de gentileza, bondade e amor para com todos. Caminharemos mais livres e felizes, com a certeza de que Deus nos deu subsídios e ainda nos ampara para que possamos manter nosso lar alicerçado no amor, a fim de que possamos vencer as animosidades e chegar ao final da jornada com a consciência pacificada pelo dever cumprido.

Lucy Dias – Ramoseledias35@gmail.com

Resgata os títulos de amor que te prendem a todos os seres e coisas do caminho. […] Não te iludas. Deves sempre alguma coisa ao companheiro de luta, tanto quanto à estrada que pisas despreocupadamente. E quando resgatares as tuas obrigações, caminharás na Terra recebendo o amor e a recompensa de todos.1


REFERÊNCIA:1 XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2017. cap. 150 – Dívida de amor.

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